VINHO DO PORTO E ESTÓRIAS PESSOAIS
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A minha família pertence a uma
região do Douro Superior e naturalmente desde tempos remotos que se fazia vinho
fino nas adegas lá em casa. Tal como se sabe, há épocas de boas e de menos boas
colheitas. Como tal, também o vinho fino pode se muito bom ou menos bom. Como
já se sabe, um cálice de vinho fino (ou de vinho do Porto, como hoje é
designado), faz parte de todas as festas, recepções e das mais diversas
comemorações. Como tal, seria improvável que em casa de um produtor, isso não
constituísse uma tradição. Como também já foi referido, o vinho fino é servido
em finos cálices e um bom apreciador vai degustando lentamente, inalando os
aromas, molhando os lábios, saboreando o esplêndido paladar desse néctar dos
deuses. Enquanto a amena cavaqueira prossegue, vai-se saboreando e o cálice
pode durar uma hora ou mais a ser totalmente ingerido.
O meu avô tinha sempre duas
garrafas com o precioso néctar; uma delas continha um vinho de alta qualidade e
a outra garrafa um vinho inferior. Claro está que quando era recebida alguma
visita, logo era servido um cálice do melhor vinho fino. Quando o visitante
bebia rapidamente o seu cálice o meu avô ficava muito aborrecido e fazia um
discreto sinal à criada (assim eram designadas as empregadas domésticas nessa
época) e esta imediatamente servia o visitante com um novo cálice com a garrafa
de vinho de qualidade inferior. Eu pessoalmente aceito este procedimento, já
que um vinho que é um néctar dos deuses só deve ser bebido por quem o saiba
apreciar.
Uma
outra estória ligada ao vinho do Porto era contada por outros meus familiares
chegados, residentes na cidade do Porto.Nos anos vinte do século passado, tinham um amigo frequentador habitual de sua casa, de nacionalidade inglesa, de nome Tomás (Thomas). O senhor Thomas era um bom apreciador dos vinhos do Douro e como não podia deixar de ser, do precioso néctar que ele comercializava, importando para a sua pátria quantidades apreciáveis desse vinho generoso. Ficou na memória e foi passando de geração a geração um dito do senhor Thomas, no seu português arrevesado: - “água ser boa para lavar pés e passar debaixo de pontes”… Era assim, com graça, que o senhor Thomas elogiava os bons vinhos da região do Douro que preferia, sem dúvida alguma, à água.
QUEM NÃO APRECIA È COMO QUEM NÃO VÊ |
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